sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Maratona de revezamento tem a marca da solidariedade



Solange (D), que luta contra a leucemia e passa por sessões de quimioterapia ao lado da mãe, se alegra com chance de acender chama para a corrida. Foto: Diego Vara/Agencia RBS



Depois de um passeio de lancha com a turma da escola em Rio Grande, Solange Centeno, 11 anos, voltou para casa, em São Lourenço do Sul, ardendo em febre. A mãe, Leni, que já andava preocupada com a constante dor de garganta da menina, levou Solange ao pronto-socorro e recebeu o diagnóstico que mudaria a rotina da família pelos meses seguintes: Solange tem leucemia.

Desde novembro do ano passado, as duas alternam temporadas em casa e em Porto Alegre, onde Solange faz sessões de quimioterapia.

— É bem complicado. O que faz acreditar mesmo é a fé em Deus — desabafa Solange, reclinando a cabeça no colo da mãe.

A oração é para voltar logo a andar de bicicleta e jogar vôlei, passatempos que tiveram de ser interrompidos enquanto se recupera. Leni também deixou de lado o trabalho como doméstica para se dedicar ao cuidado da filha.

— O tratamento é longo, com frequentes hospitalizações e internações prolongadas. Isso tem um impacto no trabalho, nas finanças e no próprio convívio da família — observa o oncologista pediátrico Algemir Brunetto.

Por essa razão, o enfrentamento do câncer infantil exige uma estrutura de apoio médico, psicológico, pedagógico e social. A fim de garantir o suporte, Brunetto fundou o Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul (ICI-RS), em 1991. Com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a entidade é mantida por doações, graças a voluntários que se empenham em desenvolver atividades para divulgar a causa.

Uma dessas manifestações terá largada hoje, quando um dos internos acenderá uma tocha que será conduzida por 140 quilômetros por nove maratonistas até Gramado, onde uma pira será acesa no Lago Joaquina Rita Bier. Lá, equipes locais, em homenagem a pacientes e ex-pacientes com câncer, seguem em revezamento ao redor do lago por mais seis horas de corrida. Será a segunda edição nesse formato.

Maratonista experiente e padrinho da Corrida pela Vida, o cartunista Carlos Henrique Iotti promete cumprir 40 quilômetros do percurso durante a madrugada.

— Participar de uma ação como esta dá sentido à vida — resume.

O administrador aposentado Firmo Vidal, 60 anos, participa de todos os eventos de apoio ao instituto, inclusive da maratona deste fim de semana.

— Carregar a tocha representa levar a chama da esperança das crianças e adolescentes que lutam para vencer esta doença tão severa — considera.

Ao saber da mobilização dos atletas, Solange se empolgou com a possibilidade de acender o fogo para dar a largada. O nome só será confirmado na hora do evento.

— Ficaria muito feliz e emocionada! Isso dá força pra gente.



As vitórias de Fabrício

A ideia de transformar a Corrida pela Vida de Gramado em uma maratona de revezamento desde a Capital partiu de um vencedor. Fabrício Bertoluci, 25 anos, formado em Direito e agora estudante de Fisioterapia, enfrentou um câncer no intestino com 10 anos.

— Fomos a Porto Alegre para fazer um exame endocrinológico e tomamos um susto. Conhecer o Instituto do Câncer foi como a luz de um anjo da guarda no nosso caminho — lembra Fábio, pai de Fabrício.

O hospital fez parte do dia a dia da família ao longo de dois anos. Depois, ficou o comprometimento com a divulgação do trabalho que devolveu a saúde do filho mais velho, hoje parceiro fiel na organização das campanhas beneficentes.

O índice de cura no instituto passa de 80%. Medicamentos mais eficazes e pesquisas para combinar melhor resultado com a menor toxidade elevam a estatística. O instituto tem 27 leitos de internação, atende em média 50 pacientes ambulatoriais por dia e já tratou mais de 2 mil crianças e jovens com câncer nas últimas duas décadas.



O evento

— O que: maratona de revezamento, entre Porto Alegre e Gramado

— Quando: a partir das 20h desta sexta-feira

— Onde: a tocha sai do Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, e passará pela BR-116, ERS-239 e ERS-115 até Gramado, onde chegará às 13h de sábado. No Lago Joaquina Rita Bier, será acesa a pira, que se manterá em chama enquanto as equipes locais de revezamento realizam o percurso ao redor do lago, durante seis horas, homenageando pacientes e ex-pacientes com câncer.

— No domingo, dia 30, o Instituto de Câncer Infantil promove a Corrida pela Vida em Porto Alegre. Para informações e inscrições, ligue para (51) 3331-8704.


FONTE: Taís Seibt em Zero Hora

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