Seguindo a premissa de que "a união faz a força", a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) de Santa Cruz do Sul está de portas abertas para aqueles que estão dispostos a mudar a vida de alguém doando um pouco do seu tempo e afeto. A casa de apoio, que recebe pacientes e familiares de todo o Vale do Rio Pardo e Taquari para fazer tratamento contra o câncer, necessita de voluntários para auxiliar nas atividades realizadas durante a semana.
Atualmente, as oficinas oferecidas envolvem música, teatro, artesanato, reiki, patchwork e culinária. De acordo com o responsável pela comunicação da casa de Santa Cruz, Lusardo Ramos Júnior, as atividades são oferecidas para que o paciente não fique apenas com o pensamento na doença. “A ideia é que ele se distraia um pouco em momentos de aprendizagem”, ressalta.
A professora aposentada Maria Ester Jung, 69 anos, que é voluntariada há quatro anos na instituição, conta que a ideia nunca havia passado pela cabeça. No entanto, logo que se aposentou, pensou no que poderia fazer em prol do outro. “Sempre amei ensinar. Então uni as duas coisas.” Desde 2012, Ester, como é conhecida, ministra oficinas de Patchwork e de Terapia de Nutrição voltada a pacientes oncológicos.
Ela conta que não é profissional da área de nutrição, contudo, logo que entrou na casa a atual nutricionista teve que se afastar, e a convidaram para substituí-la. “No começo eu acompanhei ela e, depois, precisei de um tempo para estudar', ressalta. Segundo Ester, o profissional desta área precisa levar em conta a vulnerabilidade do paciente. “Devido às dificuldades relacionadas à própria doença, o emocional deles é afetado”, analisa.
Na visão dela, o sucesso da terapia nutricional está diretamente associado à capacidade do profissional em orientar e adequar o método para cada situação. “Sempre tento levar a espiritualidade para eles. Acredito que isso melhora a saúde física e mental e, ainda, no desempenho das suas tarefas diárias.”
De acordo com Ester, o objetivo principal da oficina é motivá-los, a partir do que o médico já os orientou. “Cada caso é um caso, então é preciso ter bastante cuidado.” Na visão da professora, o mais incrível em ser voluntária da Aapecan é perceber que, nos grupos em que dá aulas, os pacientes vão se fortalecendo através de relatos de vida do outro. “Cada um vai contando a sua história e os seus medos, e isso faz com que o outro fique mais forte”, acredita.
Para ela, ministrar oficinas na Aapecan é uma terapia. “Me revigoro a cada oficina, ainda mais porque vejo resultado.” De acordo com Ester, nas aulas de Patchwork, por exemplo, após terminarem o trabalho - que consiste na junção de peças de tecido de diversas cores, padrões e formas, costuradas entre si, formando desenhos geométricos - os paciente ficam encantados e admirados com o que acabaram de fazer.
Segundo pesquisas, no Brasil, 12% das pessoas que fazem trabalho voluntário já passaram dos 60 anos e, segundo o Ibope, é entre as mulheres mais velhas que está o maior índice de satisfação com o trabalho. O sentimento de confiança em si mesmo e de dever cumprido também é estimulado pelo voluntariado.
Seja um voluntário
Pessoas com conhecimento de trabalhos manuais podem se cadastrar na Parceiros Voluntários e vir a colaborar com a instituição. Segundo Lusardo, a Aapecan aceita sugestões de novas oficinas. “Se alguém tiver alguma ideia e estiver a fim de ministrar uma oficina, é só vir aqui conversar com a gente” No entanto, é preciso, primeiro, se cadastrar. A Parceiros Voluntários fica na Rua Guilherme Hackbart, 109, no Centro de Santa Cruz do Sul. Mais informações podem ser obtidas através do telefone 3715-6844.
Texto: Mahara de Brito e Giuliane Giovanaz - Acadêmicas de Jornalismo da UNISC.
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